https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/1640
Arquivo | Descrição | Tamanho | Formato | |
---|---|---|---|---|
anapauladasilva.pdf | 2.47 MB | Adobe PDF | Visualizar/Abrir |
Tipo: | Dissertação |
Título: | A interface teoria da mente e linguagem: investigando demandas linguísticas na compreensão de crenças falsas de 1ª ordem na aquisição do português brasileiro |
Autor(es): | Silva, Ana Paula da |
Primeiro Orientador: | Teixeira, Luciana |
Membro da banca: | Augusto, Marina Rosa Ana |
Membro da banca: | Name, Maria Cristina Lobo |
Resumo: | Focaliza-se, neste trabalho, a interface Lingua(gem) e Teoria da Mente (ToM), enfatizando-se o raciocínio de Crenças Falsas (CFs). Investiga-se se demandas linguísticas interferem no modo como crianças em processo de aquisição do Português Brasileiro (PB) lidam com tarefas-padrão de CFs de 1ª ordem. A definição de ToM tem sido compreendida como a habilidade de o ser humano compreender seus próprios estados mentais e os dos outros e, dessa forma, predizer suas ações ou comportamentos (ASTINGTON & GOPNIK, 1988, 1991; FELDMAN, 1992; WELLMAN, 1991). Adota-se uma perspectiva psicolinguística de aquisição da linguagem – Bootstrapping Sintático (GLEITMAN, 1990), aliada a uma concepção minimalista de língua (CHOMSKY, 1995-2001). Considera-se, ainda, a proposta de DE VILLIERS (2005-2007), segundo a qual a sintaxe de complementação é um prérequisito para que o domínio da ToM se estabeleça. Foi elaborada uma atividade experimental constituída de 3 pré-testes e de uma tarefa clássica de CF de mudança de localização (cf. WIMMER & PERNER, 1983). Os 3 pré-testes foram aplicados a 24 crianças de 3-4 anos, com vistas a verificar: (i) a capacidade de a criança avaliar o caráter verdadeiro ou falso de determinadas proposições a partir de historinhas inventadas; (ii) a compreensão de sentenças interrogativas com QU- deslocado e in situ com verbos epistêmicos; e (iii) a compreensão de sentenças simples e complexas com verbos epistêmicos. Já o teste padrão de CF contou com a participação das 24 crianças com 3-4 anos e, ainda, com 24 crianças de 5-6 anos de idade. Foram manipuladas as seguintes variáveis linguísticas: a) tipo de QU- (in situ e deslocado); b) tipo de sentença (simples – Para o João, onde a bola está? e complexa – Onde o João acha que a bola está?). A hipótese é a de que a sintaxe de complementação não é condição suficiente para que o domínio de CFs se estabeleça. Os resultados indicam que: em relação aos 3 pré-testes, crianças, nessa faixa etária, são capazes de estabelecer o mapeamento de um evento a uma proposição e de julgar seu valor-verdade, independentemente da estrutura sintática que o apresenta; em relação à tarefa de CF, (i) houve uma diferença significativa entre as respostas das crianças das duas faixas-etárias, pois as crianças de 3-4 anos obtiveram um número de acertos inferior ao das de 5-6 anos; (ii) nas respostas envolvendo sentenças simples e complexas, não se verificou uma diferença relevante; e (iii) houve diferença significativa quanto ao tipo de QU- , na faixa-etária de 3-4 anos, pois o número de acertos foi maior quando não houve deslocamento do pronome interrogativo. Tais resultados são compatíveis com a hipótese apresentada, uma vez que as crianças menores obtiveram um número de acertos pouco expressivo tanto nas condições com sentenças simples quanto naquelas com sentenças complexas, e as maiores conseguiram um número bastante expressivo em ambas as condições. Isso sugere que a capacidade de operar recursivamente e o domínio de verbos epistêmicos não são condições suficientes para a compreensão de CFs. |
Abstract: | This work focuses on the interface between Language and Theory of Mind (ToM), with emphasis on the reasoning of False Beliefs (FBs). It is investigated whether linguistic demands interfere with the way in which children in the process of acquisition of Brazilian Portuguese (BP) deal with standard tasks of First-Order FBs. The definition of ToM has been understood as the ability of humans to understand their own mental states and those of others and thus predict their actions or behaviors (ASTINGTON & GOPNIK, 1988, 1991; FELDMAN, 1992; WELLMAN, 1991). We adopt a psycholinguistic perspective of language acquisition - Syntactic Bootstrapping (GLEITMAN, 1990), combined with a minimalist conception of language (CHOMSKY, 1995-2001). We also consider DE VILLIERS’s (2005-2007) proposal, according to which the syntax of complementation is a prerequisite so that the domain of ToM can be established. An experimental activity was elaborated and it consists of three pre-tests and a classic FB task of location-change (cf. WIMMER & PERNER, 1983). The three pre-tests were applied to 24 children aged 3-4 years old, in order to verify: (i) the child’s ability to assess the true or false character of certain propositions from invented stories (ii) the understanding of interrogative sentences with wh- moved and in situ with epistemic verbs, and (iii) an understanding of simple and complex sentences with epistemic verbs. Whereas the standard test of FB took into account the participation of 24 children aged 3-4 years old and also 24 children aged 5-6 years old. The following linguistic variables were manipulated: a) type of wh-(in situ and moved), b) sentence type (simple - To John, where is the ball? and complex - Where does John Think the ball is?). The hypothesis is that the syntax of complementation is a necessary prerequisite, but not sufficient, so that the domain of FBs is established. The results indicate that: for the three pre-tests, children in this age group are able to establish the mapping of an event to a proposition and judge its truth value, regardless of the syntactic structure in which it appears, in relation to the task of FB, (i) there was a significant difference between the children’s responses of both age-groups, because the 3-4 year-old children had a lower number of correct answers in relation to those of 5-6 years old, (ii) in the responses involving simple and complex sentences, there was no relevant difference, and (iii) there was a significant difference in the type of wh- in the 3-4 year-old age group, because the number of correct answers was higher when there was no displacement of the interrogative pronoun. These results are consistent with the hypothesis presented, since the younger children had a very expressive number of correct answers in both conditions with simple sentences and in those with complex sentences, and the oldest ones achieved a very significant number in both conditions. This suggests that the ability to operate recursively and the domain of epistemic verbs are not sufficient conditions for understanding FBs. |
Palavras-chave: | Teoria da mente Linguagem Interface Crenças falsas Aquisição Theory of mind Language Interface False Beliefs Acquisition |
CNPq: | CNPQ::LINGUISTICA, LETRAS E ARTES::LINGUISTICA |
Idioma: | por |
País: | Brasil |
Editor: | Universidade Federal de Juiz de Fora |
Sigla da Instituição: | UFJF |
Departamento: | Faculdade de Letras |
Programa: | Programa de Pós-graduação em Letras: Linguística |
Tipo de Acesso: | Acesso Aberto |
URI: | https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/1640 |
Data do documento: | 28-Fev-2012 |
Aparece nas coleções: | Mestrado em Linguística (Dissertações) |
Os itens no repositório estão protegidos por licenças Creative Commons, com todos os direitos reservados, salvo quando é indicado o contrário.