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Type: Dissertação
Title: “Comer normalmente arroz no café da manhã”: análise autoetnográfica de Um Diário de Viagem
Author: Rocha, Jéssica Regina de Castro Vieira da
First Advisor: Weiss, Denise Barros
Referee Member: Rocha, Luiz Fernando Matos
Referee Member: Telles, Luciana Pilatti
Resumo: O presente estudo foi desenvolvido na linha de pesquisa “Linguagem e Humanidades” do Programa de Pós-graduação em Linguística (PPG-Linguística) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Intenciona-se refletir sobre a condição de estrangeiro por meio da análise de um diário produzido em uma situação de intercâmbio acadêmico. Posicionando-se como uma pesquisa qualitativa de caráter autoetnográfico, buscou-se, primeiramente, explicar a pesquisa autoetnografia que, fugindo da epistemologia positivista, toma a análise da experiência do próprio pesquisador na compreensão das relações sociais estabelecidas em determinado contexto (González, 2020; Chang, 2008; Adams e Herrmann, 2020; Santos, 2017). A pesquisa toma como objeto os relatos da Pesquisadora enquanto Viajante, registrados em um diário manuscrito, escrito durante uma viagem de intercâmbio internacional. Para a análise, pretendeu-se posicionar a escrita de diário como um gênero narrativo discursivo, discorrendo sobre o gênero diário, as narrativas de viagem e apresentando o diário em questão (Buzzo, 2010; Machado e Pageaux, 1988). Posteriormente, buscou-se refletir sobre a condição de estrangeiro (Simmel, 1989; Schütz, 2010; Kristeva, 1994), considerando as concepções de cultura (Hernández, 2008; Duranti, 1997) e de identidade cultural (Bauman, 2005, 2008; Cuche, 1999; Hall, 2005). A partir da leitura completa do diário, compreendemos o processo de adaptação intercultural (Lysgaard 1955) durante os aproximados cinco meses de estadia da Viajante, considerando as visões de cultura observadas no texto do Diário ao longo do tempo. Juntamente também identificamos a presença da interlíngua (Ellis, 2003), devido à constante presença do espanhol ao longo do escrito, havendo tanto interferências lexicais quanto gramaticais. Como resultados, observamos que o processo de adaptação da estrangeira segue as quatro etapas da curva em U de Lysgaard (1955). A primeira fase, a da Lua de mel, foi o momento de exploração, que durou cerca de dois meses. Nela podemos destacar a busca da Viajante por explorar o local, notando tudo o que lhe parece positivo. Nessa fase, a cultura é tida como passível de ser aprendida e, pelo estranhamento, ela também considera cultura como sistema de práticas, relacionada ao habitus (Bourdieu, 1998). Em seguida veio o período mais longo, de mais de dois meses: o da Crise, em que a Viajante é abatida por um sentimento de solidão. Nessa fase os registros mostram que ela passa a ver a cultura local como comunicação, e, diferentemente da primeira etapa, ela sente a impossibilidade de aprendê-la. Posteriormente a Viajante adentra no período transitório da Redescoberta que, por sua brevidade e escassez de dados, não teve detalhada análise. Finalmente, adentrando então, já nos últimos dias, chega ao estágio do Ajuste, no qual há, por fim, uma habituação por parte da Viajante, sendo a cultura entendida novamente como algo apreensível e aprendido por ela. Com relação à interlíngua, não foi observada claramente uma relação entre as etapas da adaptação e sua presença, estando os elementos de interlíngua presentes em ordem alternada ao longo dos dias de escrita. Para a análise, foram divididas as interferências lexicais, como o uso de palavras próprias do espanhol e, até mesmo a risada, e gramaticais, como a colocação pronominal do idioma aprendido. O estudo concluiu que, apesar dos poucos dados quanto à fase da Redescoberta, o processo de adaptação da Viajante acompanhou as etapas da curva e a interlíngua não acompanhou esse processo, sendo sim, intensificada ao longo que o contato com o idioma aumentava.
Abstract: This study was developed within the "Language and Humanities" research line of the Postgraduate Program in Linguistics (PPG-Linguistics) at the Federal University of Juiz de Fora (UFJF). The aim is to reflect on the condition of being a foreigner by analyzing a diary produced in an academic exchange situation. Positioning itself as a qualitative, autoethnographic study, it first sought to explain autoethnographic research, which, eschewing positivist epistemology, analyzes the researcher's own experience in order to understand the social relationships established in a given context (González, 2020; Chang, 2008; Adams and Herrmann, 2020; Santos, 2017). The research takes as its object the researcher's accounts as a traveler, recorded in a handwritten diary, written during an international exchange trip. For the analysis, the intention was to position diary writing as a discursive narrative genre, discussing the diary genre, travel narratives and presenting the diary in question (Buzzo, 2010; Machado and Pageaux, 1988). Subsequently, we sought to reflect on the condition of the foreigner (Simmel, 1989; Schütz, 2010; Kristeva, 1994), considering the conceptions of culture (Duranti, 1997) and cultural identity (Bauman, 2005, 2008; Cuche, 1999; hall, 2005). By reading the diary in its entirety, we were able to understand the process of intercultural adaptation (Lysgaard, 1955) during the Traveler's approximately five-month stay, considering the visions of culture observed in the diary text over time. We also identified the presence of interlanguage (Ellis, 2003), due to the constant presence of Spanish throughout the writing, with both lexical and grammatical interference. The results show that the foreigner's adaptation process follows the four stages of Lysgaard's u-curve (1955). The first stage, the honeymoon, was the time of exploration, which lasted around two months. In it, we can highlight the Traveler's quest to explore the place, noting everything that seems positive to her. In this phase, culture is seen as something that can be learned and, through strangeness, she also sees culture as a system of practices, related to habitus (Bourdieu, 1998). Next came the longest period, lasting more than two months: the Crisis, in which the Traveler is struck by a feeling of loneliness. In this phase, the records show that she begins to see the local culture as communication and, unlike in the first stage, she feels it is impossible to learn it. The Traveler then enters the transitional period of Rediscovery which, due to its brevity and lack of data, has not been analyzed in detail. Finally, in the last few days, she reaches the stage of Adjustment, in which the Traveler finally becomes accustomed to the culture and understands it again as something she can grasp and learn. With regard to interlanguage, there was no clear relationship between thestages of adaptation and its presence, with the elements of interlanguage being present in an alternating order throughout the days of writing. For the analysis, lexical interferences, such as the use of Spanish words and even laughter, were divided into grammatical ones, such as the placement of pronouns in the learned language. The study concluded that, despite the limited data on the Rediscovery phase, the Traveler's adaptation process followed the stages of the curve and the interlanguage did not follow this process, but intensified as contact with the language increased.
Keywords: Pesquisa autoetnográfica
Adaptação intercultural
Diário
Interlíngua
Autoethnographic research
Intercultural adaptation
Diary
Interlanguage
CNPq: CNPQ::LINGUISTICA, LETRAS E ARTES::LINGUISTICA
Language: por
Country: Brasil
Publisher: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Institution Initials: UFJF
Department: Faculdade de Letras
Program: Programa de Pós-graduação em Letras: Linguística
Access Type: Acesso Aberto
Attribution-NonCommercial-ShareAlike 3.0 Brazil
Creative Commons License: http://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/3.0/br/
URI: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/16944
Issue Date: 20-Mar-2024
Appears in Collections:Mestrado em Linguística (Dissertações)



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